A ARTE DE ARGUMENTAR Pag. 14 , 15 e 16
Condições
da Argumentação
A primeira
condição da argumentação é ter definida uma tese e saber para que tipo de
problema essa tese é resposta.
No plano das idéias,
as teses são as próprias idéias, mas é preciso saber quais as perguntas que
estão em sua origem. Muitas pessoas se queixam de que, nas reuniões da empresa,
suas boas idéias nunca são levadas em consideração. O que essas pessoas não
percebem é que essas idéias são respostas a perguntas que elas fizeram a si
mesmas, dentro de suas cabeças. Ora, de nada adianta lançar uma idéia para um
grupo que não conhece a pergunta. É preciso primeiro fazer a pergunta ao grupo.
Quando todos estiverem procurando uma solução, aí sim, é o momento de lançar a
idéia.
Uma segunda
condição da argumentação é ter uma ”linguagem comum” com o auditório. Somos nós
que temos de nos adaptar às condições intelectuais e sociais daqueles que nos
ouvem, e não o contrário. Temos de ter um especial cuidado para não usar termos
de informática para quem não é da área de informática e assim por diante.
Durante a campanha para a prefeitura de São Paulo, em 1985, Jânio Quadros
contou com o apoio do deputado e ex-ministro Delfim Neto. Durante um comício
para moradores de um bairro de periferia, Delfim terminou sua fala dizendo: ”-
A grande causa do processo inflacionário é o déficit orçamentário. Logo depois,
Jânio chamou Delfim de lado e disse: ”- Delfim, olhe para a cara daquele
sujeito ali. O que você acha que ele entendeu do seu discurso? Ele não sabe o
que é processo. Não sabe o que é inflacionário. Não sabe o que é déficit. E não
tem a menor idéia do que é orçamentário. “Da próxima vez, diga assim: - A causa
da carestia é a roubalheira do governo.” Em um processo argumentativo, nós
somos os únicos responsáveis pela clareza de tudo aquilo que dissermos. Se
houver alguma falha de comunicação, a culpa é exclusivamente nossa!
A terceira
condição da argumentação é ter um contato positivo com o auditório, com o
outro. Estamos falando outra vez de gerenciamento de relação. Nunca diga, por
exemplo, que vai usar cinco minutos de alguém, se vai precisar de vinte
minutos. É preferível, nesse caso, dizer que vai usar meia hora. Muitas vezes,
há necessidade de respeitar hierarquias e agendas. Faça isso com sinceridade e
bom humor. Outra fonte de contato positivo com o outro é saber ouvi-lo. A maior
parte de nós tem a tendência de falar o tempo todo. É preciso desenvolver a
capacidade da audiência empática. Ouvir com empatia quer dizer, pois, ouvir
dentro do sentimento do outro. As palavras são escolhidas inconscientemente. É
preciso prestar atenção a elas. É preciso prestar atenção também ao som da voz
do outro! É por meio da voz que expressamos alegria, desespero, tristeza, medo
ou raiva. As vezes, a maneira como uma pessoa usa sua voz nos dá muito mais
informações sobre ela do que o sentido lógico daquilo que diz. Devemos também
aprender a ”ouvir” com nossos olhos! A postura corporal do outro, suas
expressões faciais, a maneira como anda, como gesticula e até mesmo a maneira
como se veste nos dão informações preciosas. O poeta e semioticista Décio
Pignatari costuma dizer que o homem precisa aprender a ”ouviver”, verbo que ele
inventou a partir de ouvir, ver e viver.
A quarta condição
e a mais importante delas: agir de forma ética. Isso quer dizer que devemos
argumentar com o outro, de forma honesta e transparente. Caso contrário,
argumentação fica sendo sinônimo de manipulação. O fato de agirmos com
honestidade nos confere uma característica importante em um processo
argumentativo: a credibilidade. Para ter credibilidade é preciso apenas
comportar-se de modo verdadeiro, sem medo de revelar propósitos e emoções. Para
ter credibilidade, basta procurar a criança que existe dentro de nós. As
crianças não dizem aquilo em que não acreditam e não fingem o que não sentem.
Se estão tristes, seus rostos refletem nitidamente a tristeza. Se estão
alegres, refletem essa alegria. Ao longo da vida, nós, adultos, é que
desaprendemos a espontaneidade, depois que outros adultos nos ensinaram a
separar nossa inteligência de nossas emoções.
Acadêmicas
Raquel Belarmino Pinheiro
Marcia
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